Splash.... nhanha na viseira
Deixem-me partilhar convosco esta imundíce ...
Eu até ando pouco de moto. Quando tal acontece, faço-o com a intenção de consumir a jornada numa "overdose" de prazer. No entanto, no tradicional casa/emprego, não costumo ir além de uma ressaca de trânsito ?
Ontem aqueceu. Quando tal acontece, parece que a natureza sai da prisão em "precária" ... Sobretudo no ar, é habitual observar "raves" de moscardos, besouros, abelhões, anarquicamente a pairar a pouca altura à espera de um qualquer flash revelador.
Ontem, depois de deixar a empresa "de que tanto se fala", dirigi-me ao IC que "anda nas bocas do mundo". Ali próximo da cidade "onde está a chegar o Metro", uma carocha exemplar, bem nutrida e poderosa, não encontrou melhor cemitério do que o da minha viseira.
Tal suicídio fez com que, o outrora pujante e saliente abdómen do insecto, se transformasse numa amálgama mucosa e sebenta que, imediatamente me privou de metade do campo de visão, a metade central. No momento imediato, passei então a ter de olhar para estrada, quer pelo lado esquerdo quer pelo lado direito da viseira. Foi difícil, aflitivo, quase impossível.
Como ia na faixa da direita, optei por entrar na faixa de emergência. Aliás, a faixa está lá para isso, embora no IC 19 aquela sirva para tudo menos para isso mesmo. Ou, talvez não. À hora de ponta, tudo são emergências ...
Pensei que devia parar, mas seria arriscado: habitualmente, naquela faixa, circula-se a velocidades superiores às das faixas mais à esquerda ...! Que alternativa? Levantar a viseira, claro! Não, a viseira não levantava ... e
não levantava porque estava presa com fita isoladora! Fita isoladora!?
Pois é. Que bela ideia, testar se o capacete, ou melhor, se os apêndices/tampas que cobrem o mecanismo basculante, se tapados com fita isoladora, melhorariam a insonorizarão. No fundo, o que eu queria verificar
era se o ruído que ouço habitualmente era proveniente das saliências do capacete. Era. Com efeito, atenuando o declive entre a calote e suporte da viseira, o ruído tornar-se desprezível.
Voltando à saga. Se não consigo levantar a viseira, por que não levantar o queixal? Afinal é um capacete modular ...! Ná, não levantava! Aliás, parecia que eu nem conseguia encontrar o botão de abertura. Pois não! Como é que
seria possível, se o lenço estava entalado no mecanismo ...?! F... isto nunca me aconteceu!! Já tenho o capacete há 4 anos e nunca tive dificuldade em o abrir!!
A nhanha continuou na viseira. Fiz 2 ou 3 kms, a 10 à hora, pela faixa de emergência, sem conseguir ver praticamente nada. Só quando saí do IC pude abrir o queixal, já solto do lenço.
Miséria! Que episódio tão pobrezinho!
Hoje vim de combóio ?
Saudações
Carlos Cordeiro
(Motociclista, co-autor de "Viajar de Moto, Destino Europa")
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